Figurinhas da Copa

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Quem passou no último 28.10.2022 por perto da banca de revistas da SQN 106, e não sabia de nada, deve ter levado um susto. Um grande número de garotos e coroas se aglomeravam pelo pedaço. O que rolava? Compravam, vendiam, trocavam e colavam figurinhas do álbum da Copa do Mundo-2022, que começará no próximo dia 20 de novembro, no Katar.

O álbum não oferece nenhum prêmio a quem o completa, mas ninguém dizia ligar para isso. “O que conta é o prazer de colar a última figurinha que falta”, justifica Antônio Brito (44 de idade), vendedor de automóveis, que tirou a manhã do dia citado acima para ajudar a sua filha Judi, de 12, a correr atrás do que lhe falta. “Quando compro um pacote (de figurinhas) e encontro uma que ainda não tenho, vibro demais. Ainda falta muito para eu completar (o álbum), conta a menina.

Quem também tirou a manhã do mesmo dia para fazer o mesmo que o Brito foi o advogado Trevor Francis (39). “Como o meu filho não iria ter aulas nesta sexta-feira, porque a sua escola estaria sendo arrumada para o segundo turno da eleição presidencial, fui levá-lo pra trocar figurinhas, pra ele parar de me encher o saco”. Gustavo Philippo (10) trocou todas as suas figurinhas repetidas, mas teve duas que lhe deram trabalho, as do argentino Messi e do português Cristiano Ronaldo. “Troquei três pacotes pela do Messi, mas não consegui a do Cristiano. Vou pedir ao meu avô pra comprar, pois o meu pai já comprou cinco pacotinhos, hoje”, revelou, enquanto colava (foto) as faltantes em seu álbum.

Gustavo Philippo (10)

Quem vendia figurinhas pedia R$ 15 reais pelas do “hermano” e do “portuga”, as duas mais difíceis de aparecer nos pacotinhos. José Alves (38) havia saído de Ceilândia para negociar na SQN 106 Norte. “Pode ser longe, mas aqui é o ponto mais famoso de encontro da galera (colecionadores) de todo o DF. Em Ceilândia, a garotada não tem dinheiro. Aqui, na 106, só mora barão. Costumo vender todas as difíceis”, garante.

Felipe Marques (9), o que tinha de pequeno no tamanho, sobrava-lhe de danadinho em negociar. Nunca deixava de tocar duas figurinhas por uma, ou cobrava dois pacotes virgens de quem não tinha uma que ele levava. Sua mãe Cilene (36) fazia as vezes de sua secretária. “Tem que ser, né!”, dizia, sorrindo, da mesma forma que Norma (37). “Se eu não trouxesse estes meninos aqui – levava dois -, eles iriam passar o dia todo me enchendo a sacola”, imaginava.

Um álbum com capa dura, luxuoso, trazendo um estádio colorido dentro de uma caixa sai por R$ 70 reais. O mais em conta, com capa mole, custa R$ 12 reais. Já um pacotinho de figurinhas vale R$ 4 reais. Os álbuns são produzidos pela marca Panini, que lança as suas coleções de figurinhas desde o Campeonato Italiano de Futebol de 1961.

Quando saem os álbuns do Campeonato Brasileiro, o movimento na banca na SQN 106 é, também, muito bom, aos sábados. Agora, com a Copa (do Mundo) chegando, o negócio pega fogo, afirmam três vendedores da casa. Aliás, foi por conta do Mundial de 1950 que os brasileiros colecionaram o seu primeiro álbum de figurinhas esportivas. As do Brasileirão começaram em 1989, em parceria da Panini com a Editora Abril.


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Ao longo da história dos álbuns de figurinhas colecionadas pelos brazucas, houve uma história inesquecível. O de 1958 trazia escrito abaixo da figurinha de Pelé: “Uma promessa risonha”. Não errou, o garoto tornou-se o “Rei do Futebol”.



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