Brasil fecha cerco aos ‘atos terroristas’ em Brasília

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“Conclamamos a sociedade a manter a serenidade na defesa da paz e da democracia em nossa pátria”, afirmaram no texto

Os titulares dos Três Poderes, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente, fecharam o cerco, nesta segunda-feira (9), aos “atos terroristas” ocorridos em Brasília no domingo, quando milhares de bolsonaristas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em uma incomum declaração conjunta publicada no Twitter de Lula, os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF repudiaram os “atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas que aconteceram na tarde de ontem em Brasília”.

“Conclamamos a sociedade a manter a serenidade na defesa da paz e da democracia em nossa pátria”, afirmaram no texto.

Os representantes dos poderes públicos se reuniram na manhã desta segunda-feira no Palácio do Planalto, onde Lula despacha durante o dia, apesar de a sede do Executivo ter sido um dos prédios vandalizados, com vidraças quebradas e alguns gabinetes destruídos.

No domingo, milhares de bolsonaristas ocuparam os edifícios por quase quatro horas, exigindo uma intervenção militar para afastar Lula do cargo ao qual foi empossado em 1º de janeiro.

Os atos lembraram os ataques ao Capitólio, em Washington, executados há dois anos por apoiadores do então presidente americano Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador.

Acampamentos desmontados

Os ataques de domingo foram condenados em uníssono pela comunidade internacional, dos governos dos Estados Unidos e da França aos de Rússia e China.


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“Estou impactado com o que vejo e com o que vi. Mas devo dizer que confio no Brasil. Confio em instituições resilientes. E estou absolutamente convencido de que o Brasil enfrentará esta situação com a responsabilidade adequada”, reagiu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Já na noite de domingo, as autoridades brasileiras abriram inquéritos e tomaram medidas judiciais para encontrar os responsáveis pelos distúrbios e seus financiadores. 

Até o momento, 1.500 pessoas foram detidas, informou Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, destacando que a maioria foi interpelada em um acampamento em Brasília de onde saiu boa parte dos invasores.

Centenas de policiais e militares foram mobilizados nesta segunda-feira em diferentes cidades do país, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, para desmontar essas estruturas, de onde manifestantes exigiam, há dois meses, uma intervenção militar para evitar que Lula voltasse ao poder.


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A liberação atendeu à ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes para desocupar completamente “em 24 horas” essas estruturas, montadas em frente a quartéis militares por apoiadores de Bolsonaro, insatisfeitos com sua derrota no segundo turno das eleições, em 30 de outubro.

“Não concordo com o que foi feito ontem. É vandalismo, é destruição do nosso patrimônio. Se eles querem se manifestar, devem fazer de outra forma”, disse à AFP Ionar Bispo, de 43 anos, morador da capital federal.

Uma multidão invadiu os prédios e muitos manifestantes agitavam a bandeira do Brasil e vestiam a camisa da seleção brasileira, símbolos nacionais dos quais o bolsonarismo se apropriou.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repudiou com veemência o uso da camisa “em atos antidemocráticos e de vandalismo”.


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Bolsonaro hospitalizado

Lula, que no momento dos fatos estava em Araraquara, no interior de São Paulo, para observar os estragos causados pelas fortes chuvas na região, questionou a resposta das forças de segurança, alvos de críticas por sua reação tardia e falta de preparo em Brasília.

“Houve, eu diria, incompetência, má-vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal”, disse Lula antes de voltar a Brasília. 

O presidente decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, que confere poderes especiais a seu governo para restaurar a ordem na capital.


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Na noite de domingo, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, suspendeu por 90 dias o governador do DF, Ibaneis Rocha, que acabara de apresentar suas desculpas pelas “falhas” na segurança e exonerar seu secretário de Segurança, Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro.


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“Não faltou segurança, havia policiais. Eles precisavam agir, não deixar que fizessem o que fizeram. Foi uma invasão”, disse em Brasília Pedro Sabino Rapatoni, auxiliar administrativo de 21 anos.

Além de denunciar um “gesto antidemocrático” para o qual “não existe precedente” no Brasil, Lula responsabilizou o “discurso” de Bolsonaro, que “incentivou” os “vândalos fascistas”.

O ex-presidente, que se encontra nos Estados Unidos, para onde viajou a dois dias da posse de Lula, condenou por meio de um tuíte as “depredações e invasões de prédios públicos”. Além disso, repudiou as acusações “sem provas” de seu sucessor. 

Bolsonaro foi hospitalizado nesta segunda-feira em uma clínica de Orlando, nos Estados Unidos, com “desconforto abdominal”, informou sua esposa, Michelle, pelo Instagram, confirmando uma informação reportada anteriormente pela imprensa brasileira.

Michelle destacou que seu marido está “em observação no hospital” devido às “sequelas da facada” que sofreu durante um ato de campanha em 2018 e que o levou a passar por vários procedimentos cirúrgicos.

os Estados Unidos não receberam até o momento qualquer pedido do governo brasileiro sobre Bolsonaro, afirmou o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

© Agence France-Presse



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