Candidato do PDT que foi preso e ‘sumiu’ por 5h em MG acusa PM de truculência

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O ativista, que ficou sem contatar familiares ou advogados por cerca de cinco horas, acusa a Polícia Militar de truculência

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

O candidato a deputado estadual pelo PDT em Minas Gerais Felipe Gomes foi detido nesta segunda-feira (5), em Belo Horizonte, após se manifestar contra o governador do estado, Romeu Zema (Novo).

O ativista, que ficou sem contatar familiares ou advogados por cerca de cinco horas, acusa a Polícia Militar de truculência e de ter apagado gravações de áudio da detenção.

O protesto ocorreu durante um compromisso de campanha de Zema, que tenta a reeleição. Felipe Gomes estava dentro de uma sapataria no bairro do Barreiro e se manifestava com um megafone contra a possibilidade de mineração na Serra do Curral, cartão-postal da capital mineira. A medida, que foi autorizada por Zema, é alvo de debates na Justiça.

As imagens do momento foram divulgadas nas redes sociais pela vereadora e candidata a deputada federal Duda Salabert (PDT), que denunciou o episódio. O ativista foi imobilizado, algemado e colocado no camburão da Polícia Militar. Antes de ser preso, Felipe Gomes gritava que estava “em defesa da Serra do Curral”.

A Polícia Militar de Minas Gerais afirma, em nota, que foi acionada na tarde desta segunda pelo proprietário do estabelecimento comercial, “dando conta de que o indivíduo conduzido realizava perturbação do trabalho”.

À reportagem, Felipe Gomes conta que foi levado a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para atendimento médico, o que foi confirmado pela Polícia Militar. O órgão, porém, afirma que “não foram verificadas lesões decorrentes da abordagem”, enquanto o ativista diz que ficou com um machucado nas mãos.


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O ativista afirma ainda que foi impedido de contatar um advogado ou seus familiares. Após receber atendimento médico, ele conta que foi levado a um batalhão, onde a polícia teria apreendido sua mochila com seu megafone e um gravador de áudio que estava documentando a abordagem.

Ele afirma que foi novamente algemado e colocado na parte de trás de uma outra viatura da polícia, que teria dado voltas pelo bairro. O ativista diz que o procedimento ocorreu três vezes e que, na última viagem, o veículo teria buscado o dono do estabelecimento, com Gomes ainda algemado no veículo.

O ativista conta também que o policial que dirigia a viatura “ficou dando cavalo de pau” e depois o levou à delegacia do Juizado Especial Legal, onde foi liberado por volta das 18h30.

Segundo o ativista, os policiais devolveram sua mochila com o megafone e o gravador, que estava sem os áudios. Ele acusa a polícia de ter apagado o conteúdo.


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A Polícia Militar diz, em nota, que Gomes foi “apresentado à Polícia Judiciária, junto com o solicitante, para adoção das medidas cabíveis” e que “a condução do candidato se deu, exclusivamente, por perturbação do trabalho, resistência e lesões causadas aos policiais militares, tendo este permanecido sob guarda da instituição somente pelo tempo necessário”.

“Estão alegando que houve desacato, mas ele só gritou em favor da Serra do Curral. Isso é criminalização da luta ambiental”, afirma a vereadora Duda Salabert.

O deputado federal Mario Heringer, presidente do diretório do PDT em Minas Gerais, diz, em nota, que “o processo democrático não admite truculência contra divergências políticas”.

E segue: “O Estado não é posse do governo da vez e só deve ser usado em defesa da sociedade de uma forma geral. O que ocorreu com nosso correligionário merece nossa repulsa e pedido de reparo”.


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Segundo Heringer, o corpo jurídico da sigla “está acompanhando o caso e tomará todas medidas cabíveis em defesa do Estado de Direito e da democracia”. “Ninguém pode ser agredido e preso por divergências de ideias”, finaliza.



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