Itamaraty privilegia homens em promoções a cargos mais altos

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Um levantamento feito pela ADB mostra que o Itamaraty prioriza homens em promoções a cargos chaves da carreira

FÁBIO ZANINI
SÃO PAULO, SP

Um levantamento feito pela ADB (Associação dos Diplomatas Brasileiros) mostra que o Itamaraty prioriza homens em promoções a cargos chaves da carreira.

Não há hoje, por exemplo, nenhuma mulher embaixadora em postos A, aqueles considerados os mais importantes da política internacional. Nunca houve titulares mulheres em Washington (EUA), Londres (Reino Unido) ou Buenos Aires (Argentina).

Em um recorte por subcontinente, é possível verificar que as mulheres se concentram em embaixadas da África Subsaariana (35,71%) e da América Central (33,3%).

O debate se aqueceu dentro do MRE (Ministério de Relações Exteriores) após o nome do ex-chanceler Mauro Vieira, titular no governo Dilma Rousseff (PT), ser ventilado para voltar ao comando da pasta. A sua gestão foi a que menos promoveu mulheres.

Nesta sexta-feira (18), o Boletim Interno de Serviço do MRE traz a suspensão de férias de Mauro Vieira “em razão de necessidade de serviço”, o que foi lido como uma sinalização de que ele deve integrar a equipe de transição.

No primeiro ano sob Vieira, elas representavam 17,7% das promoções, e no segundo, 21,6%. Sob José Serra (PSDB) no governo de Michel Temer, e até sobre Carlos França no governo de Jair Bolsonaro (PL), o percentual ficou pouco abaixo de 27%.


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A falta de mobilidade na carreira tem outra consequência prática: a permanência por mais de dez anos no mesmo cargo implica em transferência para o chamado quadro especial, no qual a carreira é congelada de forma definitiva, impedindo qualquer progressão futura.

As mulheres representam hoje 23% do total de diplomatas no Itamaraty. Nos cargos mais altos, a participação fica abaixo da média geral.

Entre os 210 ministros de primeira classe, o cargo mais alto da hierarquia, só 43 são mulheres, ou 20,5%. Entre os ministros de segunda classe, 19,5% são do sexo feminino e entre os conselheiros, o terceiro maior posto, ela ficam em 22,6%.

A baixa representatividade é reflexo de uma etapa anterior. O percentual das diplomatas conselheiras que concluíram o Curso de Altos Estudos (CAE), pré-requisito para ascensão aos cargos de ministros e embaixador, é de 17,6%.


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Os dados foram levantados com base no documento “Participação de Mulheres no Serviço Exterior Brasileiros: Boletim Estatísticos”, elaborado pelo DSE (Departamento do Serviço Exterior), com data de corte de 30 de abril deste ano.



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