“Os Banshees de Inisherin” retrata fim de amizade de forma tragicômica

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Longa dirigido por Martin McDonagh e estrelado por Colin Farrell e Brendan Gleeson estreia nesta quinta-feira (02)

Humor negro não é nenhuma novidade para Martin McDonagh, que brilhou na direção de “Três Anúncios para um Crime” (2017). Seu novo projeto “Os Banshees de Inisherin”, que estreia nesta quinta-feira (02), retrata de forma trágica e cômica o fim de uma amizade. O longa conquistou nove indicações para o Oscar 2023: Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz Coadjuvante, duas indicações para Ator Coadjuvante, Roteiro Original, Edição e Trilha Sonora.

Durante a Guerra Civil Irlandesa em 1923, na ilha fictícia de Inisherin, Pádraic (Colin Farrell) é um homem extremamente gentil. Seu mundo inteiro é abalado depois de experimentar a crueldade abrupta de seu melhor amigo Colm (Brendan Gleeson), que não deseja continuar com a amizade. Pádraic, confuso e devastado, tenta reatar o relacionamento com o apoio de sua querida irmã Siobhan (Kerry Condon) e do jovem Dominic (Barry Keoghan), filho do policial local. Mas quando Colm lança um ultimato chocante para tornar suas intenções realidade, os eventos começam a se intensificar.

Foto: Divulgação/Searchlight Pictures

Martin McDonagh, além de dirigir, também produziu e roteirizou o longa, criando algo único e expressivo como em “In Bruges” (2008), protagonizados também por Colin Farrell e Brendan Gleeson. Quem conhece o início de sua carreira no teatro ficará familiarizado com “Os Banshees de Inisherin”, o filme todo parece uma peça, com personagens extremamente dramáticos e prolixos que fazem caras e bocas. McDonagh reuniu em uma só história questões humanas e cotidianas como fofoca, falta de sonhos, se contentar com o mínimo, viver as mesmas coisas todos os dias… além de figuras que representam abusos, violência, abandono e solidão sendo forçados a viverem presos em uma ilha sem futuro. Os aspectos são construídos em forma de fábula. 

“Os Banshees de Inisherin” é um trabalho mais elíptico, que simboliza, talvez, um retrato folclórico de um indivíduo em crise. O próprio título do longa pode gerar estranheza para os brasileiros. Na cultura irlandesa, banshees são espíritos femininos que alarmam uma morte próxima. Considerando esta tradição, portanto, no filme ela seria uma bruxa ou mulher mais velha que usa sua sabedoria para algo sobrenatural.

Kerry Condon como  Siobhán em ‘Os Banshees de Inisherin’ Foto: Divulgação/Searchlight Pictures

O longa se estabelece como uma tragicomédia (obra que contém ao mesmo tempo, elementos da tragédia e da comédia). Foi o vencedor na categoria de “Melhor Filme – Comédia/Musical” no último Globo de Ouro, com um humor mordaz que transita de ápices melancólicos para tragédias sem preparar o público. O diretor ainda cria sequências que podem resultar em explicações diferentes para as atitudes dos personagens. Dificilmente o espectador sairá da sessão sem refletir sobre sua própria vida ou de alguma pessoa que tenha passado por algo representado em cena.

Além do grande roteiro, a escolha dos atores foi um dos maiores acertos de McDonagh. Colin Farrell, que vive Pádraic, retrata um protagonista com muitas camadas emocionais e dificuldades sobre compreender o desejo do outro. Pádraic simplesmente não consegue entender a decisão de seu amigo, não controla as próprias emoções e se torna uma pessoa carente e envergonhada por ter feito algo que nem ele mesmo sabe o que é. Neste ponto, o público entende o motivo de seu amigo. A atuação de Farrell deixa marcas inesquecíveis para a obra.

Brendan Gleeson interpreta Colm, um homem mais velho que do dia para noite decide não ser mais amigo de Pádraic — ou talvez essa escolha foi tomada por questões mais complexas, como uma possível doença que lhe assombra e não mais lhe permite perder tempo com um amigo infantil e sem futuro. Seu maior desejo é compor uma canção que o eternize. 


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O elenco secundário também está magnífico, como Kerry Condon, que dá vida para Siobhán, irmã de Pádraic, uma personagem gentil e humanizada com momentos de ternura. Ela deixou sua vida de lado para viver com o irmão e se tornar sua defensora. Já Barry Keoghan é Dominic um “bobo da vila”, que seria uma espécie de parâmetro entre os dois protagonistas, enquanto precisa lidar com problemas pessoais como o abuso do pai policial.

Foto: Divulgação/Searchlight Pictures
Conclusão 

“Os Banshees de Inisherin” se torna um dos maiores trabalhos da carreira de Martin McDonagh. O diretor convocou uma melancolia bem humorada com personagens simbólicos e bem representados por ótimos atores. Vale também ressaltar o ótimo trabalho de fotografia de Ben Davis e Mark Tildesley, desenhista de produção que eternizaram os campos irlandeses e suas belezas naturais. 

Confira o trailer:

Ficha técnica:


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Direção: Martin McDonagh;

Roteiro: Martin McDonagh

Produção: Martin McDonagh, Graham Broadbent e Peter Czernin;

​​Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon e Barry Keoghan; 


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Gênero: Comédia dramática;

Distribuição: Searchlight Pictures;

Duração: 114 minutos;


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Classificação Indicativa: 16 anos;


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Assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z



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