Reforma na segurança pública beneficiaria negros, diz campanha de Tebet

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Neto disse que Tebet foi convocada pelos seguimentos do MDB para representá-los, e aprendeu a abraçar pautas que não eram suas

Paola Ferreira Rosa
Campinas, SP

Medidas como o combate ao encarceramento em massa, à fome e ao desemprego defendidas pela candidatura de Simone Tebet (MDB) beneficiariam mais os negros do que qualquer outro grupo. Essa é a opinião de Nestor Neto, representante da campanha da senadora na sabatina sobre racismo promovida pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (14).

Neto disse que Tebet foi convocada pelos seguimentos do MDB para representá-los, e aprendeu a abraçar pautas que não eram suas.

“Ela compreendeu que isso será a agenda do governo dela. A agenda hoje é acabar com a fome, erradicar a miséria, o desemprego e criar condições de qualidade de vida para a população brasileira. Quando você pega esses índices, quem lidera são os pretos.”

O representante citou índices como os de fome, desemprego, desigualdade, miséria e violência, liderados pela população negra no Brasil. “Se a proposta está pautada nesses temas, evidentemente o governo dela está sendo lastreado com políticas voltadas para a população negra”, disse.

Uma das propostas é mudar a dinâmica que vigora nos presídios para torná-los lugares de ressocialização.

Segundo ele, o sistema prisional brasileiro serve como espaço de trabalho para o crime organizado e contribui para a manutenção da criminalidade, ao oferecer condições hostis para os presos e não prepará-los socialmente, intelectualmente e profissionalmente para o retorno à sociedade.


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Para Neto, também candidato a deputado federal na Bahia, os 820 mil presos no Brasil (em sua maioria negros, 67,5%), são prova de que o Estado se esqueceu da segurança pública do país.

Os dados sobre a população carcerária foram apresentados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) neste ano.

“[Presídios] não podem ser um depósito de pessoas que não deram certo –a grande maioria pela ausência do Estado, que não forneceu qualidade de vida, assistência e oportunidades para a juventude”, afirmou. A conversa foi mediada por Tayguara Ribeiro, repórter de política do jornal Folha de S.Paulo.

“Existem presídios sem condições, insalubres. Eles ficam lá como se fossem bichos. Como você vai devolver uma pessoa [nessas condições] para a sociedade e ressocializar?”, pergunta.


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“O Estado tem que criar um amparo e condições para que esse preso, que entrou por uma fatalidade ou alguma circunstância, possa entender que pode voltar a ser um cidadão comum, de bem, e vai contribuir para uma sociedade do bem e da paz”, afirma.

Nesse sentido, Tebet pretende recriar o Ministério da Segurança Pública. Seu primeiro foco seria conter a entrada de armas ilegais nas fronteiras do país e criar mecanismos para paralisar o acesso a armamentos, facilitado pelo atual governo.

Neto defende que essa ação pode contribuir para a redução dos índices de homicídio de negros. Entre 2010 e 2019, pretos e pardos foram 78% das vítimas de arma de fogo no Brasil, segundo números divulgados pelo Instituto Sou da Paz.

Essa política se estenderia também à polícia: “Há duas formas de você enfrentar [a violência], e não é armando mais a polícia. É investindo em inteligência e barrando o exército pure do crime organizado [impedindo que pessoas pobres, sem acesso à educação e em situação de vulnerabilidade sejam aliciados pelos criminosos] “, defende.


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O governo Tebet pretende atuar em políticas que mitiguem esses pontos, como a criação de condições econômicas e sociais que mantenham as famílias assistidas –desde creches em tempo integral até a criação de benefícios e programas sociais.

Neto foi o segundo participante de uma série de sabatinas sobre racismo. A reportagem convidou as campanhas dos quatro candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.

Também nesta quarta, Ivaldo Paixão foi sabatinado, em nome da campanha de Ciro Gomes (PDT).
Na terça-feira (13), a entrevistada foi a ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos Nilma Gomes, representante da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


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A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, recebeu o convite, mas não respondeu.


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