Regulamentação do lobby é aprovada na Câmara; ONGs dizem que foram ignoradas

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Diversas entidades criticam a proposta aprovada nesta terça e dizem que não houve o devido diálogo para a construção do projeto

João Gabriel
Brasília, DF

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (29), o projeto que regulamenta o lobby no Brasil. O texto foi enviado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser escanteado, mas voltou a ter importância após o escândalo envolvendo pastores no Ministério da Educação.

A proposta segue agora para o Senado, onde ainda pode passar por novas alterações.

O texto aprovado na Câmara foi relatado pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), que usou o projeto enviado pelo governo como base, mas o alterou.

Diversas entidades criticam a proposta aprovada nesta terça e dizem que não houve o devido diálogo para a construção do projeto.

Um grupo de mais de 50 entidades -dentre as quais estão Transparência Internacional, Pacto pela Democracia e Observatório do Clima- chegou a enviar uma série sugestões de alteração, mas, segundo elas, nenhuma foi acatada no texto final.

Profissionais vinculados a essas organizações disseram, sob condição de anonimato, que as alterações haviam sido acatadas no relatório elaborado pelo deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE) na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público.


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O relatório, no entanto, não avançou porque foi aprovado um requerimento de urgência na Câmara, o que fez com que o texto fosse levado direto ao plenário. As entidades reclamam que o texto aprovado nesta terça ignorou o que havia sido trabalhado na comissão a partir do diálogo com a sociedade civil.

A proposta que vai ao Senado cria regras para a atuação de lobistas junto ao Estado, como a necessidade de que as agendas sejam públicas.

Entre as regras está a obrigatoriedade de que os órgãos federais publiquem informações sobre audiências realizadas com lobistas, com, no mínimo, informações sobre a identificação dos participantes, do cliente dos lobistas, a descrição do assunto e o propósito do interesse a ser representado.

A pena para o agente público que descumprir as novas leis varia de advertência até demissão e exoneração. São consideradas infrações, por exemplo, deixar de prestar as informações sobre as agendas ou assediar participantes dos encontros.


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Para os lobistas, por sua vez, passa a ser necessário se credenciar junto aos órgãos públicos para que possam exercer a atividade.
Também passa a ser considerado irregular presentear o político com bens, com exceção de itens de baixo valor ou livros, ou ocultar o real interessado por trás da pauta defendida por ele. A lei, no entanto, permite que lobistas ofereçam serviços de hospedagem e transporte relacionados a eventos com participação de agentes públicos.

O texto diz que será criada uma comissão para julgamentodos casos de infração e que o seu presidente será o mesmo da casa Legisladora. As penas vão de multa a suspensão.

“A regulamentação deve ter como norte a transparência e o amplo acesso. Criar penalizações desproporcionais só tende a enfraquecer a participação, a pluralidade de ideias e o debate democrático. Esperamos que o Senado corrija os pontos problemáticos”, diz Juliana de Paula Batista, assessora jurídica do ISA (Instituto Socioambiental).

“Depois que foi pedida urgência na tramitação do PL, o texto foi substancialmente alterado e sua versão final foi apresentada momentos antes da votação, sem que houvesse tempo hábil para qualquer manifestação contrária”, afirmou André Amaral, da Transparência Internacional.


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“O PL traz regras claras e transparentes para guiar a atuação, equiparando profissionais privados e públicos, o que dá isonomia de condições para exercermos a atividade”, ressaltou Carolina Venuto, presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).



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