A celebração do Carnaval e da diversidade 

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Dentre tantas opções, selecionamos alguns blocos voltados para a comunidade LGBTQIA+

Amanda Karolyne
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O carnaval 2023 está prestes a começar, e com ele, uma programação extensa de bloquinhos e festas para os foliões. Dentre tantas opções, selecionamos alguns blocos voltados para a comunidade LGBTQIA+. Bloquinhos criados para que as pessoas possam celebrar num espaço seguro.

Como o Rebu, o Bloco, que surgiu na expectativa de criar um espaço divertido e acolhedor para mulheres e para toda a comunidade LGBTQIA+. A atração integra o carnaval de rua de Brasília no sábado, dia 18 de fevereiro, a partir das 14h, na Praça das Fontes do Parque da Cidade. O bloco resgata clássicos contemporâneos do Carnaval, e conta com Karla Testa, Kika Ribeiro e Banda e o Trio Rebu como atrações. A entrada é gratuita para a quarta edição do bloco, é gratuita.

O Rebu tem a proposta de dar visibilidade a artistas mulheres lésbicas , bissexuais e transexuais. Para Loly Alves, DJ e produtora cultural Loly Alves, da Coletiva Rebu, o diferencial é o transporte que elas vão oferecer para o bloco e a segurança. “Nossa intenção é possibilitar que ocupemos cada vez mais espaços no carnaval para nos fortalecer como artistas e produtoras. É uma forma de enfrentar o machismo estrutural ainda tão presente na nossa sociedade”. Ela acredita que todos são bem- vindos nesse espaço seguro para todos, mas é um bloco que enfatiza as mulheres. “Ele é feito por mulheres e protagonizado por mulheres”, frisa. Loly conta que elas foram atrás de ter uma representatividade. “Porque na época que a gente foi ter a ideia, não tinha um bloco desse”, destaca. O Rebu acontece desde 2019.

Loly ressalta como é gratificante produzir esse bloco. “Depois que acaba o bloco, a gente tem certeza que fez certo. Vale a pena”. Ela elabora que o Coletiva Rebu não é só um bloco. É uma organização com várias frentes, tem um trio na Parada Gay, já teve banda, já realizou festas, grito de carnaval e até um festival multicultural que abre espaços para DJs, produtoras, cantoras e bandas. Para esse ano, a Coletiva Rebu quer investir na formação de meninas e mulheres. “Tudo começou com uma festa, e se transformou em ativismo”, salienta. A Coletiva Rebu é precursora e impulsionadora da cultura produzida por mulheres LBTs (lésbicas, bissexuais e transexuais) no Distrito Federal, e foi criada em 2019. A coletiva é guiada por Dayse Hansa, Loly Alves e Rafa Ferrugem, todas com ampla atuação na produção cultural da capital.

Rebu, o Bloco
18 de fevereiro, a partir das 14h
Praça das Fontes – Parque da Cidade
Entrada gratuita
Instagram: instagram.com/rebu_fbb
Classificação etária: livre

Bloco das Montadas

O Bloco das Montadas já faz parte dos blocos tradicionais de Brasília e está de volta ao carnaval após a interrupção de mais de dois anos, causada pela pandemia de Covid-19. Neste ano, a atração vai ser no Setor Bancário Norte (SBN), no domingo, dia 19 de fevereiro, a partir das 14 horas, com entrada gratuita. Criado e produzido pelo coletivo Distrito Drag, o bloco tem na programação DJs, cantores e cantoras, shows de drag queens e um campeonato de bate-cabelo, performance típica da cultura drag brasileira. O coletivo também vai promover um cortejo pela Democracia na Rodoviária do Plano Piloto.


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Segundo Mary Gambiarra, produtora cultural e organizadora do Bloco das Montadas, essa atração já foi eleita o melhor bloco de carnaval duas vezes consecutivas antes da pandemia. Então a expectativa para a volta do carnaval na rua é grande. “Vai todo mundo com essa vontade de vir para a rua novamente, e o Carnaval no bloco das montadas sempre foi um momento de protesto, de reivindicação das nossas pautas”, afirma. As pautas relacionadas aos direitos humanos, de mulheres, pessoas LGBTs, pessoas negras, travestis e pessoas trans. Para ele, esse carnaval tem uma energia de alegria e esperança.

Para o retorno ao Carnaval, o Distrito Drag definiu para o bloco, o tema “O Futuro é Agora”. O Bloco também terá o ato pela democracia que começará na Rodoviária do Plano Piloto e segue cortejo até o Setor Bancário. “Vamos festejar a democracia, porque eu acho que é o momento da gente valorizar ainda mais, e fazer com que mais pessoas entendam e que todo mundo esteja em prol dela”, elabora. A drag queen pontua que sair para as ruas no Carnaval é um ato político. “Fazer o que a gente faz, da forma que a gente faz já é um progresso, mesmo se eu não estiver segurando um cartaz ou falando diretamente sobre o preconceito”, comenta. Para ela, o ato de ir pra rua já se torna um ato político, e o Bloco só dá o empurrãozinho necessário pra quem não tem essa consciência de entender que é preciso usar da alegria dessa festa também, para se manifestar politicamente.

Para a apresentação das atrações do Bloco das Montadas 2023 foram convocadas as drags Raykka Rica, Victor Baliane e Pikineia. No time de DJs estão Nicolas Magalhães, Tulio Bueno, Patty Peronti, Eva Maruana e Sarah Cortez. Na lista das atrações musicais, estão confirmados Aretuza Lóvi, Leila Diva Black, Paulo Amaro, TriboQ e Vanessa Apetitosa. As drag queens Bopety, Botânika Bitch Blunt, e Medusa e os performers Irmãos Sampaio fazem a animação da plateia. Mary não acredita que o Carnaval é apenas os bloquinhos, mas é fruto de uma construção coletiva da cultura da cidade. “Então as pessoas que foram chamadas, os artistas, têm todo esse vínculo com eles também”, destaca.

Bloco das Montadas 2023
19 de fevereiro (domingo), a partir das 14 horas
No Setor Bancário Sul
Entrada gratuita


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Vamos FullGil promove Arrastão de Blocos LGBTQIA+

Com atrações gratuitas realizadas nos dias 20 e 21 na Praça das Fontes, do Parque da Cidade, a Plataforma da Diversidade, realizada pela Associação Artística Mapati, preparou duas atrações para segunda e terça-feira de carnaval. No dia 20, o espaço montado na Praça das Fontes, do Parque da Cidade recebe o bloco Vamos FullGil. Já no dia 21 é a vez do Arrastão dos Blocos LGBTQIA+, que reúne o Bloco do Amor, Bloco das Caminhoneiras, Bloco Leds Bora, Bloco Vai Que Cola e Bloco Vai Com as Profanas. Para ambos os dias de festa, a entrada é gratuita.

O bloco Vamos FullGil é um evento que homenageia o cantor e compositor Gilberto Gil. Surgido em 2020, o grupo homenageia o repertório do artista e da Tropicália, movimento integrado por ele. “O repertório do Gil é bem carnavalesco”, adiciona a produtora cultural Dayse Hansa. Nesse repertório, também está sendo preparada uma homenagem a Gal Costa.

Em 2023, a expectativa é de uma festa memorável após dois anos de interrupção do Carnaval. O bloco reforça também o tom político, com o objetivo de promover um espaço para acolhimento e celebração da comunidade LGBTQIA+. “Queremos que além dos nossos desejos de sairmos nas ruas e territórios do DF se possa estabelecer um carnaval de respeito, paz e valorização da democracia”, afirma.

A Plataforma da Diversidade, com o objetivo de acolher as diversidades de orientação sexual e de gênero no Carnaval de Brasília, e a segurança do público. “Infelizmente ainda é comum vermos violações que ainda acometem a população LGBTQIA+ em festas de rua, por isso damos atenção especial a esse quesito”, completa Dayse. Além desse reforço, o Arrastão possui um espaço para acolher pessoas com deficiência, com área coberta e acesso adequado a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.


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Bloco Vamos FullGil
20 de fevereiro (segunda), a partir das 14h
Praça das Fontes – Parque da Cidade
Entrada gratuita
Arrastão dos Blocos LGBTQIA+ (Plataforma da Diversidade)
21 de fevereiro (terça), a partir das 14h
Praça das Fontes – Parque da Cidade
Entrada gratuita

Manga Botânica

O movimento diverso e cada vez mais intenso de blocos de carnaval do Distrito Federal conta a partir deste ano com o Manga Botânica, bloquinho de rua voltado para as comunidades de três territórios: São Sebastião, Jardins Mangueiral e Jardim Botânico. A edição de estreia vai acontecer na próxima terça-feira de carnaval, dia 21, das 14h às 22h, na Praça Vivencial do Jardim Botânico 3. As atrações confirmadas são a Bateria da Escola de Samba Unidos do Jardim Botânico, a cantora Maba, as DJs Ella Nasser e Naomi Leakes, e as drag queens Pikineia e Victor Baliane. Além disso, a programação vai contar também com performances de artistas locais, boneco gigante de Olinda e outras atividades culturais.

A ideia de criar o bloco veio de um grupo de pessoas que moram nas três comunidades. “Somos um grupo de pessoas amigas que moram nesses três locais. Ao longo do tempo e das nossas conversas, percebemos que compartilhamos a vontade de integrar essas três comunidades e a região como um todo, que tem uma certa unidade, mas que pode ser melhor incentivada. E vimos que nada melhor do que fomentar as atividades culturais, e nesse sentido as manifestações carnavalescas são oportunidades ideais para fortalecermos esse processo comunitário”, explica a artista drag queen e ativista Ruth Venceremos, que idealizou o Manga Botânica ao lado das amigas Lady Bárbara, Bia Estiano, Kelbya e Meire Sousa.


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A ideia das organizadoras é que o bloco possa rodar os três territórios a cada ano, começando este ano pelo Jardim Botânico, para contribuir com o processo de integração da região. Segundo Ruth, “o Manga Botânica é, antes de qualquer coisa, um convite para celebrarmos a alegria e cultivar o respeito a diversidade do nosso povo, da nossa comunidade, e além disso o carnaval é a maior manifestação popular do nosso país, faz parte da construção de nossa identidade como povo brasileiro, como povo do DF, promove folia e geração de renda”, defende.


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Bloco Manga Botânica 2023
21 de fevereiro (terça-feira), de 14h até 22h
Praça Vivencial do Jardim Botânico 3
Entrada gratuita
Classificação indicativa livre





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