as variáveis que podem definir a eleição

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O fator mais influente será o da rejeição. O Brasil está polarizado: antibolsonarismo e antipetismo

Não apenas o carisma ou a estratégia dos candidatos definirão o próximo presidente do Brasil: no duelo final entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) outras variáveis podem influenciar.

Rejeição

O fator mais influente, na opinião de analistas consultados pela AFP, será o da rejeição. O Brasil está polarizado: antibolsonarismo e antipetismo.

Há quatro anos Bolsonaro venceu nas urnas aproveitando-se do desprezo e do medo despertado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que governou com Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016).

Agora desperta emoções semelhantes em uma parte do eleitorado que rejeita sua gestão e pensamento ultraconservador.

“Agora o sistema político brasileiro está convivendo com duas forças que organizam o sistema político através da negação, que é o antipetismo e o antibolsonarismo. Acho que esses são os principais fatores que vão decidir a eleição”, diz Mayra Goulart, especialista em política comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

A primeira força se enraizou nas elites e depois se popularizou, transformando-se em um sentimento antiesquerdista com conotações econômicas e morais. 

Enquanto isso, o antibolsonarismo é consequência, principalmente, do manejo da pandemia. Quase 690.000 pessoas morreram em meio ao desdém do presidente pelas vítimas e pelos que pediam vacinas.


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“Em 2018 não tínhamos antibolsonarismo, mas um antipetismo e uma eleição contra tudo e todos (…) Bolsonaro encarnou esse personagem antissistema. Ganhou a eleição”, comenta o sociólogo e cientista político Paulo Baía.

Mas nesta disputa a onda com menos resistência “vencerá a eleição”, acrescenta.

Abstenção

No primeiro turno, cerca de 32 milhões de eleitores se abstiveram de votar, representando 21% do eleitorado. O número quintuplica a vantagem de seis milhões que Lula obteve sobre Bolsonaro no primeiro turno (48,4% contra 43,2%).

“A abstenção será fundamental”, diz Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Quem mobilizar mais apoio entre aqueles que se abstiveram pode fazer a balança inclinar, embora isso não dependa exclusivamente das campanhas.


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Muitos eleitores, especialmente os mais pobres, deixaram de votar porque não tinham meios de transporte para ir às seções eleitorais mais remotas.

E embora o voto seja obrigatório, a multa por não votar é de 3,5 reais, menos do que o custo da passagem. 

“Quanto maior a abstenção, pior será para Lula, porque os que se abstiveram (…) são em sua maioria do PT”, sustenta Stuenkel.

O peso da economia

O Brasil começou a se recuperar da crise da pandemia. Entre junho e setembro, o desemprego caiu para 8,7%, e é esperado um crescimento do PIB de 2,8% este ano. 


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No entanto, 9,5 milhões de pessoas ainda estão desempregadas e a maior parte da população sofre com os altos preços que atingem muitos países. Nos últimos 12 meses, a inflação atingiu 7,17%, com tendência de queda. 

Enquanto isso, outros 33,1 milhões passam fome, segundo a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Soberania e Segurança Alimentar.

“A economia, com a inflação, com carestia e com desemprego acelerado pela pandemia, contribuiu para o desalento de muitas famílias (…) E temos uma legião de crianças e jovens excluídos do processo social por falta de educação durante a pandemia”, aponta Paulo Baía.


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Lula se concentrou na geração de empregos, no combate à fome e no aumento salarial, embora nas últimas semanas Bolsonaro tenha reivindicado louros por sua política econômica de reativação.


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Na opinião de especialistas, porém, a “questão-chave” para parte do eleitorado que apoia Bolsonaro não será a economia.

Mas questões ligadas ao conservadorismo social “família, tradição, cristianismo, etc”, que eles acreditam que estariam em jogo se Lula vencer, explica o professor Stuenkel.

“Se o PT ganhar, isso demonstrará que a maior preocupação da população tem sido a economia; Se Bolsonaro ganhar, será um sinal de que (…) questões ligadas ao conservadorismo são vistas pela população como mais importantes”, acrescenta.

© Agence France-Presse



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