Chantal Akerman é primeira mulher no topo da lista de melhores filmes da história

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Prestigiosa lista da Sight & Sound, antes encabeçada por Hitchcock e publicada a cada década, elegeu ‘Jeanne Dielman’

Dona da mais prestigiosa lista de melhores filmes da história, a revista britânica Sight & Sound, editada pelo BFI, o Instituto de Cinema Britânico, elegeu, pela primeira vez, uma mulher para encabeçar o ranking. “Jeanne Dielman”, de Chantal Akerman, foi anunciado nesta quinta como o número um na coleção de cem longas eleitos como os maiores do cinema.

A mudança representa um salto de 34 posições para o drama lançado em 1950, que já estava presente na lista de 2012. Editado uma vez por década, o ranking da Sight & Sound é definido por críticos, acadêmicos, programadores, distribuidores, curadores e arquivistas, que votam em suas preferências desde 1952. Neste ano, foram 1.639 participantes.

Akerman, que em “Jeanne Dielman” acompanha uma dona de casa que leva uma vida sem muitas emoções, destronou Alfred Hitchcock, que liderou o ranking há dez anos com “Um Corpo que Cai”.

Antes dele, já haviam ocupado a primeira posição “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio De Sica, em 1952, e “Cidadão Kane”, de Orson Welles, em 1962, 1972, 1982, 1992 e 2002.

Na atualização recém-divulgada, “Um Corpo que Cai” foi para a segunda posição e “Cidadão Kane”, para a terceira. Completam o topo “Era uma Vez em Tóquio”, de Yasujirô Ozu, “Amor à Flor da Pele”, de Wong Kar-Wai, “2001: Uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick, “Bom Trabalho”, de Claire Denis, “Cidade dos Sonhos”, de David Lynch, “Um Homem com uma Câmera”, de Dziga Vertov, e “Cantando na Chuva”, de Gene Kelly e Stanley Donen, nesta ordem. Não há representantes brasileiros ou latino-americanos.

Além de ser a primeira versão da The Greatest Films of All Time com uma mulher à frente, esta também é a que mais teve cineastas mulheres eleitas.

Akerman, que também emplacou “Notícias de Casa” em 52º, e Denis se juntam a Agnès Vardas, com “Cléo das 5 às 7” (14º) e “Os Catadores e Eu” (67º), Maya Deren, com “Tramas do Entardecer” (16º), Vera Chytilová, com “As Pequenas Margaridas” (28º), Céline Sciamma, com “Retrato de uma Jovem em Chamas” (30º), Barbara Loden, com “Wanda” (48º), Jane Campion, com “O Piano” (50º), e Julie Dash, com “Filhas do Pó” (60º).


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Ao todo, são 9 mulheres, contra apenas 2 na lista de dez anos atrás, que já contemplava, além de “Jeanne Dielman”, “Bom Trabalho”, em 78º lugar.

Mudança tão brusca, seja na quantidade de mulheres ou no salto de 35º para primeiro lugar da campeã, é certamente reflexo de uma indústria que hoje tenta se mostrar mais diversa, menos presa ao perfil de homens brancos heterossexuais que sempre dominou as cadeiras de direção.

“Um dos elementos mais importantes desta lista é que ela chacoalha a ordem estabelecida. Cânones devem ser desafiados e questionados, e sendo parte do objetivo do BFI não apenas revisitar o cinema, mas também reformular sua história, é muito satisfatório ver uma lista que parece tão radical em termos de diversidade e inclusão”, disse Jason Wood, executivo do Instituto de

Cinema Britânico, à Hollywood Reporter, reforçando a tentativa de adequar a seleção a uma era que clama por pluralismo.
Isso não significa, porém, que a lista tenha necessariamente absorvido os novos tempos. Apenas quatro filmes lançados a partir de 2012 aparecem na atualização. O que chegou mais próximo do topo foi “Retrato de uma Jovem em Chamas”, seguido por “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, de Barry Jenkins (60º), “Parasita”, de Bong Joon-Ho (90º), e “Corra!”, de Jordan Peele (95º).


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Confira a lista completa no site do Instituto de Cinema Britânico.



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