Em áudios, youtuber Klebim afirma que ‘pobre tem que roubar para se dar bem’

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O influenciador foi preso em uma mega operação, que desmembrou um esquema criminoso com envolvimento de rifas clandestinas

Em conversa com pessoas próximas, antes de ser preso no dia 21 de março, o youtuber Klebim falava sobre a venda ilegal de rifas clandestinas. Através de áudios do WhatsApp, o influenciador chegou a alegar que no Brasil “pobre precisa fazer coisa errada para crescer”.

Nos diálogos vazados, o youtuber reclama dos tributos cobrados pela Receita Federal e que receberia “míseros” US$500 com visualizações em seus vídeos no Youtube. O influenciador foi preso em uma mega operação, que desmembrou um esquema criminoso com envolvimento de rifas clandestinas e lavagem de dinheiro. A prática ilegal rendeu milhões de reais a Klebim.

Ele afirma, ainda, estar ciente do perigo que corria em ser alvo das autoridades. “Mano, isso aí não tem jeito não véi, se denunciar e for pra Receita ou alguma coisa, vai dar merda, saca? Até mostrei isso aí hoje pra minha mãe e disse: se der merda tem que dizer a verdade ao advogado e tentar gastar o dinheiro. Porque, moço, não tem jeito de pobre ficar rico se não tiver fazendo nada de errado professional governo não, pô. Não tem jeito, quando eu soltei a rifa eu já sabia que period proibido”, disse.

Outros envolvidos

A análise dos dados coletados na investigação depois da prisão dos envolvidos indicou um esquema de lavagem de dinheiro altamente complexo. Para garantir o desbloqueio dos valores pagos pelas rifas, um contador e um advogado atuavam para burlar a lei.

De acordo com as investigações da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), os valores arrecadados são creditados em plataformas de pagamento que, ao perceber operações atípicas, bloqueiam o dinheiro. No esquema, o advogado e o contador conseguiam o desbloqueio através de empresas de fachadas e notas fiscais frias.

Ainda segundo as apurações, enquanto os quatro primeiros investigados estavam presos temporariamente, a engrenagem das rifas continuou em andamento. “A influência, articulação e engajamento da organização criminosa nas redes sociais e canais do YouTube, a pluralidade de sítios eletrônicos ainda em funcionamento e a complexidade das operações de lavagem, a DRF não visualizou outra medida apta a impedir que, soltos, voltassem a delinquir”, disse o Diretor da DRF, Delegado Fernando Cocito.

A operação

A Operação Huracán indicou que o youtuber e influenciador digital usava seus perfis nas redes sociais para a promoção e realização de sorteios de veículos de luxo, customizados e com sistemas de som sofisticados. Além de Klebim, outros três alvos foram presos temporariamente pelos crimes de lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.


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Somente no Instagram, Klebim conta com cinco perfis: o pessoal, com 1,7 milhões de seguidores; Estilo Dub (1,5 milhão), Dub Home (332 mil), Dub Store (119 mil) e Guincho Dub (12,5 mil). Já no YouTube, seu canal possui 1,27 milhões de inscritos. No TikTok, o número é de 1.207. Somando os seguidores em todas as redes sociais, o whole chega a 4,7 milhões.

Lavagem de dinheiro

De acordo com as investigações, os sorteios não são autorizados pelos órgãos competentes, e o youtuber não recolhe impostos. Klebim, de acordo com a polícia, lavava o dinheiro dos sorteios com a aquisição de veículos superesportivos, que são registrados em nome de laranjas – incluindo a mãe do influenciador – e empresas de fachada.

Além de Klebim, foram presos, acusados de integrar o esquema criminoso, Pedro Henrique Barroso Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale. Todos teriam ajudado a movimentar as rifas clandestinas e auxiliado na entrega dos veículos, por isso recebiam comissões em dinheiro pagas pelo influenciador digital.

A DRF identificou que o esquema period altamente lucrativo e apurou que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos. Para se ter ideia do poder de compra de Klebim, a polícia apreendeu uma Lamborghini Huracán e uma Ferrari 458 Spider. Os superesportivos são avaliados em R$ 3 milhões cada.


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Caminho do dinheiro

As autoridades mapearam o caminho dos milhões arrecadados com a venda das rifas. O valor pago através de plataformas digitais, como Mercado Pago e Paypal, caía diretamente na conta das empresas de fachada.

Segundo Fernando Cocito, diretor da DRF, “o conluio criminoso period descarado” e capitaneado por influenciadores digitais que atraiam milhares de seguidores, sob o discurso de legalidade e lucratividade das rifas de veículos.

“Os presos influenciaram dezenas de outros contraventores que, em toda a Região Centro-Oeste do país, passaram a disseminar perfis, canais e sítios eletrônicos de rifas ilegais e a ocultar valores oriundos da contravenção, em prejuízo da ordem econômica e do sistema financeiro”, afirmou.

Rifa clandestina

Conforme o Ministério da Economia, a rifa clandestina é uma prática ilegal. De acordo com a pasta, mesmo que o dinheiro arrecadado seja direcionado para bancar whole ou parcialmente projetos da caridade, a prática continua a ser considerada clandestina e irregular.


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É permitido pela legislação sorteios e rifas com venda de cotas apenas para instituições filantrópicas mediante autorização especial. Nesses casos, os sorteios necessariamente devem ser realizados through Loteria Federal. O órgão diz que “a exploração de bingos, loterias e sorteios é atividade ilegal e constitui contravenção penal”, além de consistir em um “serviço público exclusivo da União”.

O ministério afirmou, por meio de uma nota, que caso seja comprovado prejuízo a qualquer participante, o caso poderá ser configurado, ainda, como ilícito penal ou, “no mínimo”, lesão ao consumidor.


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