Murica conta detalhes do seu novo trabalho o álbum “Maracutaia

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O rapper brasiliense lança nesta sexta-feira (14) seu terceiro álbum em parceria com o DJ e produtor musical MK

O jovem rapper brasiliense Murica lança, nesta sexta-feira (14), o terceiro álbum da carreira. “Maracutaia – A arte da gambiarra”, construído em parceria com o DJ e produtor musical MK, conta com as participações de três nomes da cena nacional, Sain, Dukes e NP Vocal, e dois artistas locais, Letícia Fialho e Pedro Badke. Em entrevista ao Jornal de Brasília, Murica traz detalhes do novo trabalho.

Murillo Fellipe, vulgo Murica, ficou conhecido no cenário do hip hop de Brasília ao participar de batalhas de rimas. Ao lado de BEAT MK, já lançou dois álbuns, “Fome” (2019) e “Sede” (2020), além de alguns EPs, como “O que restou da Marginália” (2021). Suas músicas retratam problemas do cotidiano. De onde vem a inspiração? Ele explica que simplesmente observou ao redor. “Crianças pedindo dinheiro no sinal fora da escola, a comida ficando cada vez mais cara nos mercados, gente comendo só o básico. Esse mundo daria um livro.”

No novo álbum, Murica quis propor um novo significado aos termos ‘maracutaia’ e ‘gambiarra’, traduzindo o jeitinho brasileiro de sempre conseguir seguir em frente. O rapper conta ainda que o nome retrata a construção do disco, que é, na verdade, uma mistura de samba, rap e blues.

Ao falar sobre as colaborações do álbum, Murica ressalta que os artistas têm estilos diferentes, o que corrobora com a ideia da maracutaia, da gambiarra. “Eu e o MK amamos o som de cada um que chamamos. Isso é o hip hop: abrir portas para a gente trabalhar com pessoas que a gente admira e cresceu ouvindo”, afirma.

Leia a entrevista completa:

Suas músicas falam sobre problemas do cotidiano, como o difícil acesso a escolas, alimentação e outros meios básicos de sobrevivência. De onde vêm suas inspirações?


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Vida real, né? (des)governo Bolsonaro, a direita no poder. Eles focam no negócio, no dinheiro, e as pessoas vão ficando para trás. Eu só olhei pro lado e vi minha realidade. As crianças pedindo dinheiro no sinal fora da escola, a comida ficando cada vez mais cara nos mercados, gente comendo só o básico… esse mundo daria um livro.

Que conceitos, referências, ideias e afins você traz no novo álbum “Maracutaia – a arte da gambiarra”? Como vocês chegaram até os termos ‘Maracutaia’ e ‘Gambiarra’?

Eu vejo a palavra ‘maracutaia’ como um conceito de ‘gambiarra’. No Brasil, o termo sempre foi usado de maneira negativa, mas eu quis dar uma subvertida e trazer para o nosso mundo, no sentido de a gente ver que o que era para nos dar segurança, saúde e educação não cumpre com isso e a gente vai vivendo. A vida não para. O povo tem suas sabedorias, a gente vai montando nosso esquema, nossa maracutaia. Ou seja, vamos nos virar com o que tem, né?! Viver no Brasil é isso. Sinto que a gente tá bem longe do ideal. Até lá, maracutaia. Não vamos desistir. A arte da gambiarra é o que faz a gente se virar.

No âmbito do rap, o termo ‘gambiarra’ representa o que a gente fez no álbum. A gente passeou por vários estilos, como blues e samba, mas tudo misturado com o rap sempre.


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O álbum conta com algumas colaborações. Como elas foram escolhidas? E qual a sensação de gravar com estes nomes da cena?

As colaborações foram escolhidas por causa do som que a gente acreditou para o álbum. Porque assim, os manos não têm o mesmo estilo, né? O Sain, o Dukes e o NP são bem diversos em relação um ao outro. A Letícia Fialho faz um som totalmente diferente, o Pedro Badke também. Então, as participações foram escolhidas para fazer essa maracutaia, buscando a individualidade de cada um para somar no projeto inteiro.

E a gente gosta de ouvir [os artistas], mesmo. Eu e o MK amamos o som de cada um que chamamos. Isso é o hip hop: abrir portas para a gente trabalhar com pessoas que a gente admira e cresceu ouvindo.

De maneira geral, o que você quer mostrar com a sua música? Que mensagem seu rap passa?


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O meu rap passa a mensagem do cotidiano no Brasil, na visão, antes de tudo, de um brasileiro fazendo arte independente de forma mais genuína possível. O meu rap passa a mensagem de enxergar e abraçar nossa cultura. E não só a nossa: construir uma cultura cada vez mais nossa, mas buscar o que é de fora e encarar isso como o pessoal da Arte Moderna encarou no Brasil, realizando o processo antropofágico de criação, que é absorver o que há de melhor das outras culturas e mesclar com a nossa. O rap nasceu nos Estados Unidos, mas o rap do Brasil tem um borogodó que só nós temos. Se o meu rap passa alguma mensagem, é essa, de ser brasileiro, enxergar nossa cultura com mais valor, de criar de forma antropofágica, beber o que há de melhor nas outras culturas e incorporar à nossa.

A mensagem que meu rap passa é essa, mas a mensagem que o rap passa em geral é um velho conselho, naõ fui eu que inventei. O rap fala das mesmas coisas, e tem que falar para continuar sendo rap. Tem coisas que, na minha opinião, são cláusulas pétreas do rap. O rap tem que continuar sendo uma música das ruas. O rap sempre vai ser a música e a voz do hip hop. Eu não inventei isso, já existe essa espécie de cartilha do rap.

A respeito de novos projetos, você trabalha para fazer shows por mais estados do país, como vem fazendo em São Paulo? De maneira geral, o que podemos esperar para o futuro da sua carreira?


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Eu trabalho para fazer show pelo mundo inteiro. Onde tem coração batendo, onde tem gente para escutar, eu quero levar minha música. Amo o meu país, quero rodar ele antes de frequentar o mundo, mas quero que minha música se torne uma cidadã do mundo. Falando mais de Brasil, a gente quer levar o nosso som para o Nordeste, nunca fizemos nenhum show lá. É nosso sonho atual. A gente quer levar nosso som para novos lugares, para festivais, cada vez alcançar lugares maiores com o poder da música. A música é infinita, o poder dela desconhece a geografia.


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O que a gente pode esperar para o futuro da minha carreira é música sincera. Eu e o MK pretendemos lançar um álbum por ano até que a gente decida o contrário.





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